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terça-feira, abril 17, 2012

correios — 16.

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amo-te muito, meu amor doce, meu não se sabe.
amo-te muito meu gesto grave que não se cansa.
amo-te muito meu andar sério que não se alcança
                              nem se encerra entre fronteiras, estranhos.
amo-te tanto que o próprio tempo suspende a respiração.
amo-te enquanto as asas de onde viemos pairarem, ciosas.
amo-te mais quando cerro os olhos para te tocar.
amo-te melhor quando calo o riso para te ousar.
amo-te desde a epiderme ao mais subtil contorno
                       desde o osso ao perfil ao dentro ao sangue ao fundo.
amo-te sem desespero ou medo, incabíveis na eternidade
           partilhando a menina dos meus olhos
           silvando rente ao gume em que te calas
           sorrindo de perto ao longe e de longe ao perto
amo-te, aqui que me és.
amo-te agora e sempre,
          entre os meus ombros sobre o peito no leito
amo-te encantada e, de tão exausta, serenada
            apaziguada pelo lastro do assim
            embargada no sal da pele ungida
            signo a signo vertida em cada passo teu
            vivida no dia destinado à noite
            submetida à lua da sombra temporária
            sempre que posso recolhida no teu colo
            abraçada ao teu verde quando sou ramo
            ligada a teu tronco se me enraízo.
            fundida à duração em que perduramos perdidos noutros encantos.
amo-te muito meu passo sério


amo-te muito meu gesto grave


amo-te muito, meu doce amor.
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maria toscano.
Coimbra, Casa Verde, 16-17 Abril/ 2012.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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