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quarta-feira, agosto 15, 2012

"ali, onde uma terra..."


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ali, onde uma terra se rasgou em duas
onde o calor apartou a américa da europa
naquela ravina de lava fundida
sabemos, agora, o trilho da gestação.
as pedras pomes porosas americanas
erguem-se hieráticas a resguardar os livros
da biblioteca catalogada pelo glaciar.
porosas, as rochas amparam os vendavais
e os tremores exuberantes da crosta funda.
no outro lado, à distância de dois abraços
borbulha, fresca, a água em cascata
modesta mas aprimorada pela lava.
é puríssima a água corrente islandesa
purificada pelo leito fixo da lava.
o leito ancorado na ravina onde o glaciar
prossegue o húmido e carente aninhar-se
e espraiar-se ao longo do vale celta
onde mora a cama morna do aconchego.
como vês — meu amor inexistente
pois eterno íntimo e frondoso ­—
ali, o tempo foi, de vez, desmascarado.
ao longo do trilho da gestação da terra
apenas se sobrepõe ao canto do glaciar
uma batida certíssima interna
a cadência do pulsar do ventre eterno
repartida um pouquinho por todos nós
ouvintes, amorosos, da pulsação do grande universo
guardadores distraídos do grão de terra alojado no peito
onde ressoa o mágico latejar
e, brioso, o silêncio se envaidece e fica.
ali, onde uma terra se rasgou em duas
para o trilho da gestação ser: respirar.
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maria toscano. 15 Agosto / 2012, Islândia.
Reykjavik, Radisson Blue Hotel Saga.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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