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ali,
onde uma terra se rasgou em duas
onde
o calor apartou a américa da europa
naquela
ravina de lava fundida
sabemos,
agora, o trilho da gestação.
as pedras
pomes porosas americanas
erguem-se
hieráticas a resguardar os livros
da
biblioteca catalogada pelo glaciar.
porosas,
as rochas amparam os vendavais
e
os tremores exuberantes da crosta funda.
no outro
lado, à distância de dois abraços
borbulha,
fresca, a água em cascata
modesta
mas aprimorada pela lava.
é
puríssima a água corrente islandesa
purificada
pelo leito fixo da lava.
o
leito ancorado na ravina onde o glaciar
prossegue
o húmido e carente aninhar-se
e
espraiar-se ao longo do vale celta
onde
mora a cama morna do aconchego.
como
vês — meu amor inexistente
pois
eterno íntimo e frondoso —
ali,
o tempo foi, de vez, desmascarado.
ao longo
do trilho da gestação da terra
apenas
se sobrepõe ao canto do glaciar
uma
batida certíssima interna
a
cadência do pulsar do ventre eterno
repartida
um pouquinho por todos nós
ouvintes,
amorosos, da pulsação do grande universo
guardadores
distraídos do grão de terra alojado no peito
onde
ressoa o mágico latejar
e,
brioso, o silêncio se envaidece e fica.
ali,
onde uma terra se rasgou em duas
para
o trilho da gestação ser: respirar.
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maria toscano. 15 Agosto / 2012,
Islândia.
Reykjavik, Radisson Blue Hotel Saga.
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