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sábado, agosto 18, 2012

destes compromissos com os vulcões

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e, como se não bastasse,
tenho destes compromissos com os vulcões.
contidos intensamente aquietados
durante a duração que se impuser
costumamos encaminhar-nos
cúmplices
com a cegueira vivaz do que nasce e brota
de alguma caverna profunda ou desilusão.
encaminhando-nos e amparando-nos
na passada grave certeira lenta
só parecida ao andamento sábio de dromedários
ou ao voo demorado dos elefantes voadores
nas gigantescas telas de ashes and snow.
contidos, aquietados, cúmplices
reconhecemo-nos logo na subtileza
de vapores e fumos que ensaiamos
quando a dúvida nos mexe as entranhas
(enquanto vigorar o tempo no dia-a-dia).
de longe emitimos essa legendas
irreconhecíveis pelos animais moles
sem carapaça ou de porte pequeno.
ambientados aos horizontes largos
como talvez só os tais elefantes e dromedários
os nossos vapores e fumos são também expandidos
da rugosidade ou carapaça de algum
à intimidade ou cratera de outro.
acaba por ser leve, quase infantil
essa ancestral e tão íntima orientação.
os animais moles ou de porte pequeno
passam ao lado e absolutamente ilesos.
mas, no caso das entranhas revolvidas
— as dos ancestrais e contidos vulcões —
redobra o ofício da contenção
reforça-se a artesania da espera
mestria esmerada das criaturas
de grande porte de horizontes bravos
onde as rugas são talhadas pela lava em comoção.
já não recordo quantos encontros intensos
me tem proporcionado a eternidade.
lembro, sim, e sobretudo cada odor
dos fumos e vapores inspirados
no início do ritual da aceitação.
tenho destes compromissos com os vulcões, amor.
e essa é a razão de continuares a sonhar comigo.
ao longo do sonho vais aprimorando a carcaça
redobrando as rugas louvando o silêncio
até ao momento em que me sentirás, ao largo
e cumplicemente virás entregar-me a cratera
que melodicamente tudo isto aguarda em ti.
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maria toscano.
Islândia, blue lagon, 17 Agosto / 2012.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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