"a bem ver, essa coisa dos sentimentos só perturba a contabilidade dos actos.
perder um precioso tempo a congeminar frases doces, afectuosas, magnânimas e apaixonadas: para quê? sim — para quê se o que importa é cavalgar rapidamente, em dois ou três meses de fogoso stress (confundido com paixão mas que, a bem ver, é apenas stress a arder) ?
de que importa a inspiração tremendo, arrepiando a pele dos braços, estremecendo os seios e os passos se, o que conta,
na linhagem das conquistas-à-vista, é o salto em altura, é a manobra de fuga ou contorno da curva, o impulso para adiar os obstáculos da intimidade, da profundidade e da beleza interior?
ah basta de desperdícios, que seca, que chatice, que que!
a bem ver, essa coisa dos sentimentos só perturba a contabilidade dos actos — disse."
por isso pouso os gestos, páro o táximetro e vou, pelo meu
passo, comovida, entregar-me ao espanto da ternura, pela mão
do Amor. ainda..
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maria toscano © . inédito
Coimbra, (C)Asa Verde, Coimbra, 14 de Outubro / 2013.
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