o cavalinho de madeira é silencioso.
sem oscilar está, imóvel, parado.
cauteloso, aquietou-se junto à árvore
de Natal, falso verde a cintilar.
está à espera dos meninos e meninas
a gargalhar — a dobrar o riso —, inocentes
dos cortes nas reformas e pensões,
da implosão, violenta, do futuro
por cima do angustiado presente.
o cavalinho de madeira é dourado
na sela e na trave bauloçante.
douradas, brilhantes sobrevivem
e contrastam com a madeira baça
da cabeça, cega
da crina, entrançada
e de tronco, cauda e patas
imóveis, paradas, sem oscilar
junto à árvore falsa
como as pinhas e os outros adornos
deste pinheiro para ali encostado
ao canto da grande superfície
onde o Menino da dádiva e da entrega
tarda em chegar desde as palhinhas, lá longe,
até este recanto para montar o cavalinho
e expulsar, com o seu amor incansável
os vendilhões do templo
os castradores da calma e
os espoliadores das almas.
o cavalinho de madeira que é sábio
em seus veio e nós ancestrais,
confia e, por isso, espera
— em silêncio, sem oscilar, cauteloso —
pela vinda alegre e justiceira do Menino.
.
maria toscano. ©
Coimbra, 'El Corte Inglês'. 9 Nov/ 2013.
.
1 comentário:
O Menino tarda em chegar, realmente. Há tanto que emendar, há tanto para corrigir que o Menino vai necessitar de mt. tempo para o conseguir. Um poema com muita atualidade.
Enviar um comentário