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sábado, novembro 09, 2013

o cavalinho, baloiço de madeira




o cavalinho de madeira é silencioso.

sem oscilar está, imóvel, parado.

cauteloso, aquietou-se junto à árvore
de Natal, falso verde a cintilar.
está à espera dos meninos e meninas
a gargalhar — a dobrar o riso —, inocentes
dos cortes nas reformas e pensões,
da implosão, violenta, do futuro
por cima do angustiado presente.

o cavalinho de madeira é dourado
na sela e na trave bauloçante.
douradas, brilhantes sobrevivem
e contrastam com a madeira baça
da cabeça, cega
da crina, entrançada
e de tronco, cauda e patas
imóveis, paradas, sem oscilar
junto à árvore falsa
como as pinhas e os outros adornos
deste pinheiro para ali encostado
ao canto da grande superfície
onde o Menino da dádiva e da entrega
tarda em chegar desde as palhinhas, lá longe,
até este recanto para montar o cavalinho
e expulsar, com o seu amor incansável
os vendilhões do templo
os castradores da calma e
os espoliadores das almas.

o cavalinho de madeira que é sábio
em seus veio e nós ancestrais,
confia e, por isso, espera

— em silêncio, sem oscilar, cauteloso —

pela vinda alegre e justiceira do Menino.
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maria toscano. ©
Coimbra, 'El Corte Inglês'. 9 Nov/ 2013.
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1 comentário:

Benó disse...

O Menino tarda em chegar, realmente. Há tanto que emendar, há tanto para corrigir que o Menino vai necessitar de mt. tempo para o conseguir. Um poema com muita atualidade.

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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