.
Não se perde aquilo que se não tem:
a confiança em desconhecidos,
a cumplicidade com estranhos,
a sinceridade dos hipócritas,
a amizade de manipuladores,
a credulidade em mentirosos.
Pelos teus passos, a sílaba da Vida
geme ou fenece.
Essa a razão de apenas pela memória
poder resgatar-se a aceitação de si
que é a letra com que podes inscrever
a compreensão no mundo.
O olhar, repara, é o último sentido
a ser aceso ao nascer.
A memória labora pelo cheiro,
a audição, o tacto e o sabor.
É a perca da totalidade do Ser
que lhe impõe a parcelar visão e a rasura da razão.
Fecho os olhos: sinto e sei porque lembro-me inteira
e, ao lembrar, posso escolher o mês da minha ressurreição.
Fecho os olhos: sinto, sou - escrevo.
.
.
.
Maria Toscano, inédito.Águeda.Sorrisos Perfeitos. Fev./2014.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário