1.
são breves as horas da eternidade.
breves são os tempos de todo o sempre.
pudesse o presente ser tão fugaz.
mas, às vezes, a roda vivente troca a voltas:
enraiza-se o que é suposto voar
e, sem contar, levanta voo um ramo
seguido pela árvore possante. inteira.
breves os tempos desta eternidade,
aqui.
por isso, eu voo com as árvores
— animais, de grande porte, voadores.
.
2.
de madrugada, altas horas.
antes de a passarada acordar.
antes do rebuliço de asas bicos e ar.
pela margem calada da noitinha
aconchego da margem diurna vivaça.
ao crepúsculo. em locais especiais
para ninguém vir atrás a correr/ aos berros
/ nem os avós taparem os olhos aos netos
/ enquanto — os avós — transpiram /
atónitos e transfigurados.
— por essas horas escusas
e nos sítios onde se pousam
acontecem manobras clandestinas
desde a raiz à copa volumosa.
por fim entregue ao ansiado colo
eu voo com as árvores.
.
© maria toscano. inédito.
Coimbra. Café Teatro TAGV, 6 e 9 Junho/ 2014.
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